Por:
Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]
Ao
som dos pássaros, ouço Deus me chamar
Quando
a chuva rega a Terra, ouço Deus me chamar
Quando
uma criança brinca e ri, ouço Deus me chamar
Quando
a leitura de um livro me humaniza, ouço Deus me chamar
Quando
vejo o faminto e oprimido, ouço Deus me chamar?
Quando
vejo o racismo estrutural sangrando corpos negros, ouço Deus me chamar?
Quando
vejo mulheres sendo subjugadas, maltratadas e vítimas de feminicídio, ouço Deus
me chamar?
Quando
vejo a população LGBTQIA+ sendo espancada, humilhada e morta por sua
sexualidade, ouço Deus me chamar?
Quando
fecho os olhos em oração, ouço Deus me chamar
Quando
leio o texto sagrado, ouço Deus me chamar
Quando
canto com fé, ouço Deus me chamar
Quando
vou ao espaço sagrado, ouço Deus me chamar
Quando
indígenas e quilombolas lutam pela garantia da Terra, ouço Deus me chamar?
Quando
um terreiro é incendiado por ódio e racismo religioso, ouço Deus me chamar?
Quando
falta vacina no braço e comida no prato, ouço Deus me chamar?
Quando
uma política de morte é legitimada por um lobo no poder, ouço Deus me chamar?