domingo, 27 de março de 2022

MISTÉRIO ACOLHEDOR...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

 

Ó Deus, fonte de toda luz que ilumina nossos passos para beleza e a justiça

Te encontramos no canto dos pássaros e no voo das borboletas

Te experimentamos nas águas do mar ou de uma cachoeira

Nos toca com o vento, com o livro e com as mãos enrugadas da ancestralidade

 

Ó Deus, alimento que precisamos cotidianamente para permanecer de pé no caminho

Podemos saborear-te ao partir o pão na mesa e sorrirmos em comunhão

Podemos indignar-nos ao perceber nossos irmãos e irmãs com fome e dor

Podemos superar a indiferença, pois, já sabemos que “a vil miséria insulta os céus”.

 

Ó Deus, mistério acolhedor cheio de amorosidade que nos chama pelo nome

Somos teus e ainda não sabemos quem somos – somos muitos dentro de nós

Somos vozes latinas-nordestinas do recôncavo afro-indígena

Somos mãos teimosas na igreja e na sociedade pela defesa do bem viver

 

Ó Deus, corremos em direção a Ti como criança nos primeiros passos

Podemos cair, nos machucar, chorar, mas, tuas mãos sempre nos convidam a recomeçar

Tua voz traz paz em meio ao projeto de morte dos opressores

O som da redenção ecoa em nossos ouvidos dizendo que é hora de amar, cuidar e servir

 

Ó Deus, diante do caos traz a tua ordem – transforma nosso luto em festa

Na insegurança tu és nosso quilombo seguro – à sombra de uma jaqueira descansaremos

Diremos ao Senhor: obrigado pelo dom da vida e eis-nos aqui em práxis de libertação

Semearemos com fé e coragem colheremos no campo e na cidade uma nova humanização.

 


 



[1] Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida em Muritiba (cidade serrana do recôncavo baiano).