quarta-feira, 22 de julho de 2020

ENTÃO A ORAÇÃO NÃO ESTÁ FUNCIONANDO...


Por: Cláudio Márcio R. da Silva[1]

"Porque não há outra forma de falar sobre Deus a não ser falando sobre nós mesmos. Deus é um espelho no qual a imagem da gente aparece refletida com as cores da eternidade." (Rubem Alves)

Quero compartilhar duas experiências que envolvem a temática da oração. Na primeira, falei a um camarada meu que estava orando por ele quando ele sorrindo disse: “não faça isso não! Você orou por nossa amiga e ela sofreu um acidente de carro”. Rimos bastante e eu insisti: “justamente. Se eu não tivesse orado ela poderia ter morrido”. Já a segunda se deu com uma criança que escutou sua tia dizer: “tá melhor meu filho? Tia ora por você todos os dias e não quer que nenhum mal lhe aconteça. A criança de 4 anos, imediatamente sinaliza: “tia, então a oração não tá funcionando, meu dedo cortou e só parou de sangrar quando eu coloquei o curativo”.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

NOTA: CONSELHO ECUMÊNICO BAIANO DE IGREJAS CRISTÃS (CEBIC) CONTRA ATO DE VANDALISMO AO BUSTO DE MÃE GILDA


 Se alguém disser: amo a Deus e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê (1Jo 4.20) 

Nós, Igrejas e organizações ecumênicas membros do Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs (CEBIC), repudiamos o ato de vandalismo cometido no dia 15 de julho contra o busto de Mãe Gilda.
No dia 21 de janeiro deste ano, membros do CEBIC tiveram a oportunidade de participar naquele local das comemorações do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa e depois foram recebidos/as com gentileza e grande alegria por Mãe Jaciara Ribeiro, filha biológica de Mãe Gilda, no terreiro Axé Abassá de Ogum, em um  testemunho de que o diálogo, a pluralidade e o respeito entre as religiões são possíveis e necessários.  Saber de mais este ato de vandalismo cometido por alguém que dizia atuar em nome de Deus causou-nos profunda indignação e consternação, pois trata-se de mais um ato de racismo religioso dirigido a nossas irmãs e irmãos baianos de religião de matriz africana.

domingo, 12 de julho de 2020

PRESBITERIANISMOS EM DISPUTA: é necessário conhecer quem escolheu o caminho de Shaull


Por: Felipe Costa[1] 

Mais uma vez o presbiterianismo brasileiro está associado a um governo, desta vez ao (des)governo Bolsonaro. O reverendo Milton Ribeiro é o novo Ministro da Educação do Brasil. Presbiteriano da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), o novo ministro é adepto da violência física como forma de educação infantil (o reverendo Ribeiro já está apagando seus vídeos e textos onde fala sobre isso...)
Ao contrário do senso comum em relação ao presbiterianismo brasileiro, há muita contribuição dos presbiterianos, principalmente relacionado à teologia. A quem diga que se não fosse o "boanergismo" que sofreu a IPB, os presbiterianos de 1950-1970 teriam levado o país a um patamar superior no que tange teologia e prática.

sábado, 11 de julho de 2020

A FACE EVANGÉLICA DO BOLSONARISMO É CALVINISTA


Por: Zózimo Trabuco[1]

Quando se fala do conservadorismo evangélico, do voto evangélico na direita ou mesmo da atuação nefasta da bancada evangélica, os comentários quase sempre são direcionados aos pentecostais e neopentecostais.
Embora esse segmento tenha desenvolvido uma prática política fundamentalmente conservadora nos costumes, a maioria dos fiéis pentecostais e neopentecostais, pessoas majoritariamente pobres e negras, não é defensora de políticas de governo anti-populares, mesmo que a bancada evangélica o seja.
O segmento evangélico mais identificado com políticas de austeridade ou anti trabalhistas está concentrado nas chamadas igrejas "históricas" ou "tradicionais", majoritariamente brancas e de classe média.

INQUISIÇÃO SEM FOGUEIRAS: O ONTEM E O HOJE ESTÃO ENTRELAÇADOS


Por: Augusto Amorim Júnior[1]

Inquisição sem fogueiras, clássico do saudoso Reverendo João Dias de Araújo, segue sendo um farol que nos ajuda a enxergar nossa história. Por exemplo, a presença de um pastor presbiteriano no Ministério da Justiça do atual governo, e, hoje, a escolha de um outro pastor presbiteriano, também ligado ao Mackenzie, para o Ministério da Educação é algo que pode ser melhor compreendido à luz deste livro.
Nele podemos entender as relações, desde pelo menos a metade do século XX, do presbiterianismo conservador com os poderes políticos autoritários e excludentes, vale lembrar que a Igreja Presbiteriana do Brasil apoiou a ditadura militar e o Mackenzie está imbricado em todo este processo. O ontem e o hoje estão entrelaçados.

A FACE TERRIVELMENTE FUNDAMENTALISTA DO GOVERNO BOLSONARO


Por: Alexandre de Jesus dos Prazeres[1]

A face terrivelmente evangélica ou seria melhor dizer: terrivelmente fundamentalista de apoio ao governo Bolsonaro se tornando cada vez mais visível? Enquanto muitos analistas políticos e também cientistas da religião concentram suas atenções no eleitorado pentecostal de Bolsonaro, esquecem-se dos que compõem as igrejas protestantes históricas fundamentalistas cujos representantes formam um núcleo religioso pensante que se compreendem como os mais aptos a liderar.
Em sintonia com as premissas do fundamentalismo, que surgiu no seio do protestantismo estadunidense no início do século XX em reação a Modernidade, "ciência boa é a que confirma o que a Bíblia diz". Partindo desta premissa, fundamentalistas como o novo Ministro da Educação buscam títulos acadêmicos para legitimar suas crenças religiosas, é a face academicista do fundamentalismo.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Ruah


Augusto Amorim Jr.[1]

Venha, impetuoso Vento
Brisa benfazeja
Seja...
Mão a espalhar sementes nos quintais
E o aroma das maçãs...

Venha, Sopro...
Vendaval!
Derrubar as cercas, muros,
Casa Grande, Impérios, Torres de Babel,
Seus cacos pelo chão...

Afago que acende o Fogo da paixão
Impulso que confronta toda escravidão
Consola os aflitos,
Levanta os proscritos,
Leva compaixão

Do vale de ossos secos faz um povo são
Com amor e liberdade transforma a nação
Paira sobre as águas
Renova a terra, céus, imensidão...

Venha, ar que eu respiro...
Fôlego de vida, inspira...
Refrigera a alma,
aquece o coração,
clareia o olhar...

Venha, manso Ciciar...
Oh Ruah divina, nina...
Encoraja para um novo despertar
E a Criação vem libertar!

Salvador, 25/06/2020

SUZART



[1] Presbítero da IPU de Itapagipe-BA. Letra de uma canção que em breve será divulgada em audiovisual.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

EtérEfêmera Oração


Por: Vitor Sousa[1]

A Ti, que és Eternidade futura-agora-antiga,
eu, ínfimo-instante,
elevo a voz nessa oração imperfeita,
que já nasce cativa ao tempo,
mas sedenta de liberdade,
por isso,
limitado, sem saber ao certo o que é certo pedir,
peço que transformes
este instante efêmero
em que os pensamentos tentam eclodir em palavras
num instante que saiba o Eterno,
saiba o sorriso do infante inocente,
saiba a gargalhada nos sonhos dos velhos...
  - e que eles sonhem!!
Sonhem com o melhor instante:
   aquele que acolha a todos.
Sonhem com o momento em que o instante abriu-se a encontrar-se com o Eterno,
   e aprendeu a ser pra sempre, em Ti.
Que assim seja, que assim seja feito, que assim exista!
Amém!

05 de julho de 2020



[1] Teólogo, escritor e roteirista. Pastor colaborador da IPU no Presbitério do Salvador.

domingo, 5 de julho de 2020

Não escutas o som?


Por: Cláudio Márcio R. da Silva[1]

             “Tocamos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não chorastes” (Mt 11:17)

O território do Recôncavo da Bahia é composto por muitas filarmônicas centenárias. Em Muritiba, por exemplo, temos a Lira Popular Muritibana e a 5 de Março onde muitas gerações passaram por essas instituições com um ensino gratuito e depois tornaram-se excelentes músicos em bandas baianas com destaque nacional, nos quartéis militares e, não menos, em festividades cívicas-religiosas-populares proporcionando alegria e encantamento para muitos ouvintes nos coretos das praças da cidade.
Desta maneira, praça e coreto eram espaços que revelavam modos de vida sobretudo em seus aspectos político-religioso-cultural, isto é, era o lugar de comunicação de um grupo específico que fazia deles um palanque-púlpito. A praça era o ambiente da diversidade, do lazer, dos namorados, mas, o coreto não. Entretanto, através das filarmônicas, grupos sociais subalternizados pela cor e ou condições econômicas tinham acesso ao coreto. Sua música era sua voz em busca de inserção numa sociedade extremamente excludente e desigual.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

QUANDO A TRINDADE ME CARREGOU NO COLO


Por: Cláudio da Chaga Soares[1]

Quando a Trindade me carregou no colo, tal como a criança que se aquieta nos braços da Mãe, eu me silenciei em seu aconchego.
Pois, nEla, eu fui acolhido como criação e, Ela, - por me amar tanto -, fez-se Palavra/Gente e permitiu-me que sentisse o seu perfume suave e seu sorriso amigo.
Quando Deus me tomou em seu colo, o seu Sopro criador remoçou-me, renovou a minha face e  convidou-me a Esperançar utopias: vento de coisa boa, alegria do encontro  com sabor de Vida.
Ó Trindade, como é bom estar em Ti e deixar-me embalar em seus braços de Mãe. Amém!




[1] Reverendo da Comunidade Presbiteriana Unida de Vitória (IPU).

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Amorosidade e acolhida


Por: Queila Patrícia[1]
Deus amoroso e acolhedor, graças te dou por sempre estar ao nosso lado!
Somos tão pequenininhos/as diante da tua grandeza.
É maravilhoso saber que se importa conosco; que pela manhã somos acordados com o (doce) beijo da tua (inefável) graça; que segura em nossa mão quando estamos com medo; que não é indiferente às dores humanas (ou produzidas pelos humanos); que é o oposto do injusto juiz.

Oh, meu amigo, peço a tua misericórdia!
Plante em nós a semente do amor e da acolhida que há em ti.
Concede-nos bons olhos... Que ao olharmos para os outros tenhamos a delicadeza de enxergar templos sagrados, e jamais violentar os seus corpos, as suas religiões, as suas identidades e costumes...
Sopra o teu espírito em nós!

Rogo a ti por todos/as aqueles/as que possuem o cotidiano atravessado pela opressão.
De modo especial, rogo pela vida das mulheres que estão em situação de violência... Que na busca árdua por justiça e (re)criação da vida a tua Igreja seja a face de um Deus que é amorosidade e acolhida.

Deus acolhedor, seja refrigério para as famílias enlutadas em meio à pandemia do Covid.
Transforma os nossos passos cansados em passos leves... Que haja esperança e dança renovadora em nossas vidas!
Gratidão pela natureza!
Quão belo é o céu; quão lindas são as obras de tuas mãos!
Continua conosco! Amém!


[1] Eclesiana da IPU de Muritiba-BA.