“A vida e a morte são as duas faces da mesma moeda. A morte sorri-me como uma amiga”. (Mahatma Gandhi)
VALEU A PENA!
Na perspectiva cristã, todos (as) estamos aqui de passagem como peregrinos. Isto é, nossa morada é celestial. Esse pensamento também trouxe muitos prejuízos às comunidades eclesiais que almejavam uma mudança, uma transformação social aqui e agora. Ou seja, um evangelho integral que cuida do humano como um todo. Como diria o nosso querido Rev. João Dias: “Mas Cristo veio pra nos remir, O homem todo, sem dividir: Não só a alma do mal salvar, Também o corpo ressuscitar.”
Desta maneira, precisamos estabelecer um relacionamento profundo entre o porvir, o desconhecido, e o agora. Logo, o Pai Nosso e o Pão Nosso são inseparáveis.Ou seja, são perspectivas que foram dicotomizadas historicamente por interesses diversificados. No entanto, cabe ressaltar que um não exclui o outro, são complementares.
Diante disso e na mesma medida todos nós cristãos almejamos o que disse o apóstolo Paulo: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.” (1 Cor.2:9 ). Todavia, temos que também pensar em Isaías 58:7 que diz: “ Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?”
Entretanto, na nossa caminhada da vida às vezes nos perdemos no meio do caminho e a vida parece que perde o sabor. Daí, algumas preguntas precisam ser feitas: Até quando estaremos aqui neste chão? Qual o sentido de nossa existência? Ainda há humanidade em nós ou o modelo econômico capitalista opressor e excludente venceu a ponto de nos sentirmos um objeto? Uma outra maneira de sociabilidade é possível? Queremos este outro modelo? O que estamos fazendo para que a mudança ocorra? E se nosso vida “se encerrasse” amanhã? O que você faria?
Renato Russo nos indica que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Gonzaguinha nos diz: Viver! E não ter a vergonha De ser feliz. Cantar e cantar e cantar. A beleza de ser Um eterno aprendiz... E ainda Jota Quest quando canta: “ Ei, dor! Eu não te escuto mais. Você não me leva a nada. Ei, medo! Eu não te escuto mais. Você não me leva a nada... E se quiser saber pra onde eu vou. Pra onde tenha Sol. É pra lá que eu vou...”.
Deste modo, esses paradgimas destas canções: amar, ser aprendiz e vencer o medo podem em parte responder e ou sinalizar possíveis respostas em nosso cotidiano. Assim, cada momento deve ser vivido com intensidade, com paixão, com responsabilidade e sobretudo entre a dimensão do recriar, recomeçar do transcender diante dos obstáculos que insistem em nos paralizar, nos calar, nos fazer pensar que não vale a pena viver, sonhar...(carpe diem).
Entretanto, um dia iremos passar por este rito de passagem (a morte), uma vez que isso faz parte da vida. Porém, como diz Rubem alves “ A celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer, um tempo que deixou de ser, não mais existe. Fósforo que foi riscado. Nunca mais acenderá. Daí a profunda sabedoria do ritual de soprar as velas em festa de aniversário. Se uma vela acesa é símbolo de vida, uma vez apagada ela se torna símbolo de morte.”
Segundo o sociólogo italiano Domenico De Masi, os primeiros homens acreditavam que a morte era o único fim do indivíduo e que a dor, a tristeza e a melancolia eram inevitáveis e incuráveis. “E, assim, abandonavam os corpos e não os sepultavam, da mesma forma como fazem os animais ainda hoje.” Daí, o sepultamento é inventado (ou seja, é uma construção social e histórica). Logo, o humano é o único ser vivo que enterra seus mortos... “por medo do contágio, do mau cheiro e do nojo causados pela putrefação”. ( De Masi).
Para Émile Durkheim, o humano necesssita passar pelo rito de passagem para que sua vida possa ter continuidade. Assim, o luto precisa ser sentido, a dor da separação e ou ausência. Logo, o luto é exterior ao humano e exerce coercitividade sobre o indivíduo. Sendo assim, este pequeno texto traz em si uma despedida para que eu aprenda a lidar com este vazio que (em parte) invade meu ser.
Logo, confesso que não tem sido fácil! A pouco tempo nos deixou Maria do Carmo (minha vó carminha) e agora sua irmã Severina (tia nina). O que fica? A lembrança! Mas qual? Evidentemente que todos nós como humanos acertamos e erramos...várias vezes na vida. No entanto, fica a lembraça de nordestinas fortes, guerreiras que se esforçaram ao máximo para criar e educar seus filhos. Fica a lembrança, de duas servas de Deus que confiavam no cuidado e provisão do Criador. Fica a lembrança dos abraços, afetos, risos e celebração da vida.
O símbolo do caixão por mais forte e doloroso que possa ser, não se compara ao símbolo do sorriso nos lábios, das mãos fortes, dos pés cansados, dos joelhos dobrados em oração...Assim, fica a lembrança do abraço acolhedor e do beijo dizendo-me: Deus abençoe, meu filho.
Fraternalmente, Rev. Cláudio Márcio
Querido Cacau....
ResponderExcluirDiante dessa realidade acredito como vc, nada é mais forte "do sorriso nos lábios, das mãos fortes, dos pés cansados, dos joelhos dobrados em oração..."
Parabéns pelo blog...
Saudades de compartilhar a teologia do dominó com vcs!!!
Um xero no S2