Aqui mais uma vez
diante da tela-tecla me vejo no espelho das palavras que de maneira alguma são
soltas e ou sem sentido. Através delas, desejo como aponta Rubem Alves que
outr@s vejam com meus olhos. Seria eu um arrogante-etnocêntrico? É possível que
sim! Porém, não é só isso!
Aqui, o desejo (talvez)
de possibilitar aos outr@s do caminho, outro jeito de ver-pensar o mundo. Quem
me garante que as pessoas queiram isso e ou que isso é necessário?
Absolutamente ninguém! Entretanto, pensando com o sociólogo Norbert Elias,
somos indivíduos-sociais. E, de algum modo, estabelecemos relações de
interdependência que são ao mesmo tempo complementares-conflituosas. Daí,
nessas redes invisíveis e elásticas que sofremos e exercemos poder, é que entendo-acredito
que essas palavras que passam por um construto de reflexão possibilitará
encontro-desencontro dos leitores-ouvintes.
Neste sentido, ainda me
encontro no locus de crença que os espaços religiosos podem-precisam ser mais
“leves” e cheios de vida. A questão não é fazer do espaço físico-geográfico
encantado, mas, entender que os indivíduos que compõem esses espaços é que são
encantados. Isto é, a vida em fé-festa celebrada e acolhida como sinal do
sagrado em nosso meio.
Há um incômodo tão
grande em perceber (sobretudo nós cristãos em sua maioria) como somos
arrogantes e não sabemos e queremos estabelecer diálogo com outras
possibilidades de espiritualidade. E, quando conseguimos fazer isso, quase
sempre é com um intuito de evangelizar, de ensinar ao outro a espiritualidade
“correta”.
Confesso isso me traz
nojo! Sei que a religião é também o espaço de poder-disputa, mas, é só isso?
Será que nós cristãos não temos nada a apreender com outros grupos? Por que
incomoda-nos tanto o ponto de vista do outro, se queremos impor o nosso a todo
tempo? Lembremos de Paulo Freire, vamos trocar saberes reciprocamente.
A experiência religiosa
tem machucado tantas vidas. Muito peso nas costas que na maioria das vezes não
tem nada a ver com a proposta de Jesus de Nazaré. Para mim, um problema sério é
que os que possuem uma prática distinta, acolhedora e emancipadora de cunho
religioso estão “quase” em silêncio. Enquanto isso, os que não nos representam,
ocupa os meios de comunicação e falam em nosso nome. Até quando?
Sabemos o mundo cristão
é plural, mas, são tod@s que sabem disso? Temos no processo histórico
brasileiro homens e mulheres que se colocaram como militantes do reino de Deus
e por isso lutaram pelo direito à vida de grupos oprimidos e, ultrapassaram os
muros dos templos tornando-se símbolo de luta pela justiça e dignidade humana.
Meu desejo aqui é que
as experiências que ocorrem em nosso chão através de uma prática religiosa
emancipatória possa ser vista-ouvida em contrapartida a esses que não nos
representam. Sei que muitas práticas de pluralidade e celebração da vida estão
ocorrendo constantemente (não quero ser injusto), o que aponto é que precisamos
nos fortalecer (também) como voz política-profética.
Aqui, o desejo profundo
de que nossos templos olhem para cada esquina e ou praça da cidade e, que haja
leveza, acolhimento e encorajamento para conquista de direitos que
historicamente foram (são) negados aos nossos irmãos e irmãs estigmatizados por
um discurso-prática impiedoso-imperialista e demonizador.
Para mim, chega! Por
uma prática ecumênica dialogal-polifônica e emancipadora, já!
Há braços
Cláudio Márcio
Muito bom reverendo. Acredito que isto é ser profeta no mundo de hoje. Grande abraço meu amigo.
ResponderExcluirSamuel P. Urban