Por: Cláudio
Márcio[1]
“Como
são doces para o meu paladar as tuas palavras! Mais doces que a RAPADURA” (Salmos 119.103\ Bíblia do
Matuto)
A
experiência da mesa da refeição partilhada é emblema de Tua presença em nós.
Risos, sabores, cores e cheiros. Aqui no território do Recôncavo há um tempero
ancestral que envolve memórias, lutas, danças...
Tua
presença é um exercício de fé, sensibilidade e total abertura para alteridade.
Com
voz profética assinalou o Rev. João Dias
de Araújo: “há muita fome no meu país”.
Assim, a mesa torna-se
símbolo cheio de ambivalências, isto é, fartura-ausência, riso-choro, comunhão-briga...
Como
ficar sossegado sabendo que falta pão na mesa do outro? O
pão nosso de cada dia o Senhor não nos oferece hoje? Como fazer teologia
afastando Pai-Nosso do Pão-Nosso no nordeste brasileiro?
Penso ser necessário desenvolver uma espiritualidade da partilha. Chega de farelos e migalhas dos poderosos
em tom de generosidade para nós.
Nossa vida, nosso corpo, nossa voz, nossos pés, nossa inteligência, nossas
mãos são nossas “armas”. É urgente
articularmos fé-luta em solo Latino Americano.
Nada de novo, pois, nosso professor
e Salvador Jesus de Nazaré já nos ensinou. Homens e mulheres (leigos ou
não) já demonstraram com a Teologia da Libertação o que devemos ou não fazer.
Sim, olhamos para outras experiências e vamos fortalecendo nossa
caminhada nessa nação. Criando nossos
caminhos no “gabinete e na rua”. Nossa cidade deve ser nossa “paróquia”.
A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil irá completar 40 anos em
setembro e carecemos, neste novo contexto histórico, da reflexão inicial: “o que estou fazendo se sou cristão?”
Há muitos indivíduos sociais (dentro e fora) da igreja com uma vida
cheia de amargura. Bem, como nordestino que sou, carrego a bíblia em uma mão e a rapadura na outra. Quem tem ouvidos
para ouvir que ouça, pois, na mesa ainda há lugar, é só chegar.
(Prece feita em 26-06-18)
[1]
Reverendo da IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo da Bahia).
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