A igreja
precisa parar de vez em quando para perguntar-se a si mesma: ‘onde estamos? ’,
‘para onde vamos? ’. As estruturas eclesiásticas não são sagradas. Podem mudar
e de fato tem mudado ao longo da história. (Waldo César)
Portanto,
se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis
que surgiram coisas novas. (2 Coríntios 5:17)
Acho
incrível como as pessoas querem te conhecer apenas no campo do transcendente.
Não tiram os “olhos dos céus”. Pai-Mãe será que é por medo de estabelecer uma amizade?
A relação com o mistério precisa ser apenas pautada pelo medo? O imaginário que
se tem de Deus para essa turma é como alguém num balanço da praça triste e
cabisbaixo, pois, não há o outro trazendo a alegria, o riso, o movimento e o vento
no rosto. A profissão de fé deles e delas é: com Deus não se brinca!
Ó Deus,
quanta dificuldade de perceberem Teu sorriso, Teu cochicho, Tua ternura.
Recitam textos da Bíblia corretamente, uma vez que, sabem o capítulo e o versículo.
Outros e outras ainda são capazes de realizar a leitura em hebraico e no grego,
entretanto, lhes falta algo aparentemente simples, isto é, falta uma práxis
coerente com os ensinamentos de Jesus de Nazaré, dito de outro modo: falta
encarnar-se, viver a humanidade em sua inteireza para conhecer Deus, uma vez
que a narrativa bíblica sinaliza: “não se
enganem; não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas a ponham em prática” (Tiago
1.22).
Suspeito
que para experimentar Deus é preciso sensibilidade. É urgente lançar fora todo
medo. É um exercício de fé onde se encontra consolo e orientação. Parar um
pouco a “correria do dia a dia” e se perguntar: para onde caminho? Como sugere Clarice Lispector: “mude, mas
comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade”.
Ó Deus,
seguirei firme ao som da Tua voz que pouco tenho encontrado nos espaços
eclesiásticos. Peço perdão por todas as vezes que não fui ao teu encontro na
praça brincar no balanço, pois, estava comprometido demais com a “agenda da
igreja”.
Vejo que
para alguns e algumas que encontro no caminho a questão central é de
desencantamento com a instituição igreja, daí, romper ou não com ela? Bem,
mesmo compreendendo que há legitimidade na indagação, eu tenho seguido a
sugestão do Jovelino Ramos: “a
alternativa real não é abandonar a Igreja, mas ajudá-la a explorar novas
fronteiras de vida”. Até porque o desencanto extrapola o campo religioso,
não? Sigo pelas fronteiras com as dores e as alegrias que só experimentam os
que não pararam de caminhar. Aprendi com Rubem Alves inspirado em Richard
Shaull que “o problema do céu, Deus já o
resolveu por nós; não há nada que tenhamos que fazer. Resolvido o problema do
céu, estamos livres para cuidar da terra, que é o nosso destino...”.
(Prece
feita em 07-11-18)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito legal. Nietsche também falou, indicando algo assemelhado, que só acreditaria em um deus que soubesse dançar - daí de onde tiro a ideia do título da minha própria tese. Fiz isso porque penso na importância que essa intimidade em duas mãos entre nós, sagrado e mundo possui uma força constitutiva das vida religiosas
ResponderExcluirMais interessantes que testemunhei sem meu trajeto de pesquisador e observador emegeral. Gente que reza e dança, que se integra ao continuo movimento e fluxo da vida. Mas também, imagem que pareceu-me se aproximar das constantes intervenções criativas que pareciam marcar osoanjstamentos entre seres humanos e sagrado nas variadas religiosidades populares que estudei
Valeu,camarada.
ExcluirAinda farei a leitura de sua tese...total interesse.
Abraçaço!
Sigamos em fé-festa recriando a vida.
E as tirinhas desse cara são muito legais. Essa em particular
ResponderExcluirCurto bastante!😉
ExcluirQue textão! Sinto-me infinitamente tocado pela potencialidade desses belos versos (soam a mim como poesia), e alegra muito meu coração poder conhecer este espaço lindo de/para inspiração de uma espiritualidade sadia, porém, simples.
ResponderExcluirGratoooo!
ExcluirSigamos juntos na jornada!!
Há braços!