Por: Paulo Roberto Silva
Como é
possível caber na razão tanto desprezo impresso?
A história
como memória nos arde em opressão,
Em cada tino
um gesto angustiador;
Em cada
destino a repetição do açoite;
Nos cortando a
carne a golpes de navalha;
Num
demonstrativo infeliz de que não podemos ser gente;
Que não temos
como nos desvencilhar das correntes!
Num banzo
atual me debruço;
Me recordando
que ergui-me para o dia em liberdade;
Mas, eis que a
covardia do branco ocidente,
Sob ideias de
um pavor da cruz;
Nos lançou
negritude aprisionada.
Como caber na
razão tamanho desterro?
Como num
salto, ergo meu olhar para o horizonte e todo o meu fronte volta serrado;
Pois ante a si
nota o assalto de nossa humanidade;
O declinar de
nossa capacidade sem motivos;
Apenas para
cumprir o prazer opressor que olha apenas para seu próprio umbigo!
Corpo
encurralado, preso a algemas;
Corpo
desintegrado, esfacelado, declinado, em ruínas!
Vês o que sou
ainda em plena modernidade tardia?
Sou-me um
retrato dilacerado de um passado ainda presente;
Voo perdido,
buscando pousar na ideia de vida, de reconhecimento.
Grito
emudecido, voz silenciada;
Ginga perseguida.
Corpo lançado
as travessias do atlântico;
Preciso, mais
do que nunca;
Encontrar na
ancestralidade a minha luta;
Ser tal qual
um samba;
Num conjunto
de acordes de resistência.
Reinventar-me
potência
Para que eu
possa reerguer-me;
Pra que eu
rasgue a abstração de uma saudade irreal;
Tornando meu
banzo uma realidade concreta.
Me pondo de
pé, de cabeça erguida e seguindo em linha reta;
Vês? Sou a
liberdade insistente dos meus ancestrais.
No reconvexo
da minha memória hei de recompor toda a minha História!
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