Por: Cláudio
Márcio[1]
Nestes
dias acabei de fazer a leitura da biografia do Frei Betto
e fiquei bastante desafiado. Sim, suas redes de interdependência apontam
conflitos, coragem, fé, criatividade e, não menos, compromisso com a justiça
social. Deste modo, tanto no Brasil quanto na América Latina, Betto tornou-se simbolicamente
uma espécie de “construtor de pontes”, isto é, um intelectual orgânico pronto
para o diálogo.
De
fato, para além da participação nos dominicanos propondo uma fé subversiva no contexto
da ditadura militar; da sua enorme contribuição na relação entre a Igreja e o
Estado em Cuba; de sua capacidade de percepção e escrita crítica e libertadora;
seu legado para as CEB's e a Teologia da Libertação, entre outras relevantes
perspectivas, fui extremamente afetado por sua habilidade de combinar “Mística
e Revolução”, ou seja, propondo uma recriação da vida cotidiana a partir da fé
que se traduz em justiça social.
Lendo
os teólogos Richard Shaull e o Frei Betto, descobri que foram influenciados por
Santa Teresa de Ávila, logo, fui beber um pouco dessa fonte. Tomei um gole
também de São João da Cruz... Assim, entre o João da Cruz e o João Dias de
Araújo, tento existir. Tento construir minha caminhada.
Bem,
como reverendo da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil na cidade de Muritiba (Recôncavo
baiano), este tem sido um desafio constante, a saber: como estabelecer o
diálogo entre a Bíblia e a cultura? Como ser cristão hoje? Quais os limites e
possibilidades na relação Igreja e Sociedade? Fé-Política é possível sem tornar-se
“bancada evangélica”? O que nos move?
Quais as nossas utopias?
Com
efeito, tenho colocado um “pé na Universidade e outro na Igreja”. Ambos os espaços possuem ambivalências entre
vida-morte; liberdade-cativeiro... Tive e tenho muitas crises, todavia, não
tenho medo de pensar, da dúvida... Não me digam o que tenho que ser. Prefiro encontrar-me
ou me perder em livros e orações. Tento ser, sendo. Vez por outra, tenho a
impressão que sou visto na comunidade de fé (como muito acadêmico) e na
Universidade (como muito religioso). Ah, essas “caixinhas” que limitam nossa
existência! Representações sociais fixas e limitadoras. Sabe de uma: “tenho
muita fé na ciência e dúvida na religião”.
Assim
como Jesus de Nazaré e o próprio Frei Betto, acredito no poder da mística e da
recriação. Que o Deus dançante do Recôncavo continue me chamando para roda da
vida. E você, ficará de fora? Não sabe que quem não gosta de samba e ou reggae
bom sujeito não é?!”
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