terça-feira, 2 de abril de 2019

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


Por: Cláudio Márcio


Ó Deus, fonte de toda vida e esperança, tenha compaixão de nós e nos coloque de pé na estrada. Tem sido difícil seguir com tantas notícias tristes que afetam nossa jornada. Extermínio da população negra, indígena e da comunidade LGBTs. Mulheres sendo agredidas, assediadas, demonizadas, assassinadas. E o que as igrejas tem a dizer sobre isso?

Ah, Senhor! Oram e cantam tanto. Fazem jejuns e se sentem teus exclusivos representantes na sociedade. Todavia, o evangelho já nos adverte sobre essas pessoas quando diz: “este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (Mt 15:8). Assim, ó Deus, muitos grupos só olham para os céus e esquecem de assumir um compromisso com o chão que pisam. Espiritualidade que não gera vida e nem justiça social. Trata-se de uma aparência, pois, são hipócritas!


Ó Deus, quero conhecer-te todas as manhãs. Quero saber ouvir tua voz com o som dos pássaros. Sentir teu perfume ao passear pelo jardim. Quero ser capaz de mergulhar meu pão no vinho e continuar olhando para cruz. Ó Deus, ao imergir em mim encontro um pouco de ti. Ao olhar para o outro empaticamente só vejo tua face. Quem sou eu afinal de contas? O que queres de minha vida?

Senhor, sei que me conheces na minha inteireza e na minha complexidade. Sei também que inclinas teus ouvidos com o intuito de ouvir minha voz. Desta maneira, em meu sussurro digo: sou teu Senhor! Nem sempre consigo compreender exatamente o que de fato isso significa, contudo, basta saber que não estou sozinho, isso me basta.

Nos dias que estou confuso, é nas asas do furacão que tua voz me diz: tu és meu! Tu és meu filho amado! Não te abandono e guardo sua entrada e saída. Ali, diante de contextos e realidades improváveis é que Tua Graça brota com esperança e meu coração se enche de leveza e beleza.

Ó Deus, a comunidade religiosa pode ser um espaço de cura, porém, tem promovido doença em muitos que dela participam. Teu jugo é suave e teu fardo é leve. É urgente o mutirão da construção de uma espiritualidade aberta, questionadora, humana, acolhedora. Uma espiritualidade que gere compaixão. Uma espiritualidade profética e emancipadora. Uma espiritualidade diaconal que não escolhe o palco e os aplausos, mas, os bastidores para que somente o nome de Jesus de Nazaré seja celebrado. Amém!

(Prece feita em 28-03-19)




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