Por: Joel Zeff[1]
Mais uma vez retorno a esse texto, talvez
pela percepção de que o que eu tenho para dizer sobre o assunto, embora possa
variar em forma de apresentação, no conteúdo, mudou muito pouco. Uma coisa
talvez tenha mudado: cada vez me importo menos com o que dizem do que eu digo.
Tenho aprendido com o passar dos anos, que quando há má vontade por parte do
leitor, nenhuma explicação será suficiente, e quando há um pouco de boa
vontade, poucas são realmente necessárias. O que segue incomodando é tendência
a querer respostas prontas. Creio que muito mais ético e pedagógico, e que cada
qual tenha o direito (e o dever) de fazer seus próprios julgamentos e decisões
a partir leituras que faz, das experiências que tem, do reconhecimento do
conhecimento alheio, e jamais meramente baseada na “autoridade” de quem fala.
Sobre o tema das sexualidades, sigo também
na simples confissão de que minha opinião, por ser pautada numa experiência que
é hegemônica, deve ter todo o cuidado de não pretender falar para, ou sobre,
mas falar com, e muito mais, falar depois de. Sim, são as pessoas LGBTTQI+ quem
tem a prioridade de fala, pois são elas que sofrem as violências das mais
diversas, sabendo de mais de uma maneira “a dor e a delícia de ser o que é”.
Voltando ao que escrevi antes... como o
silêncio é cumplicidade com a “maioria”, e nesse caso, a “maioria” é
LGBTTQI+fóbica, cumpre o dever de quem pensa contra a maioria de explicitar sua
posição. E como seguem me perguntando, eu digo e repito: lésbicas, gays,
bissexuais, transexuais, travestis, queers, intersex (+), são amadas(os) por
Deus, como você, como eu, como qualquer outro ser humano. Sem “mas...”. Sem
“desde que...”. E se cheguei a essas conclusões não foram com sofisticadas
teorias exegéticas e hermenêuticas, mas nas várias leituras que fiz do texto
bíblico, em diálogo com a vida. Leitura simples, que se baseia no enunciado
simples, mas central nas Escrituras, que é norma exigente e inescapável do
AMOR. É a partir dela que leio TODOS os textos das Escrituras, e se for o caso
de algum entrar em conflito com a norma, terá que ficar entre aspas ou em
segundo plano. Penso ainda agora, que pela abrangência, complexidade, e
superioridade do amor, seja este um método honesto de ler a Bíblia, em muito
superior a falsidade da “leitura literal” que fica saltando textos que não
cabem em sua caixinha ideológica.
Nisso resulta minha confissão de fé,
igualmente simples, sobre sexualidades e relacionamentos: “Creio no amor de
Deus, do Deus de amor, que incluí e celebra todas as formas de ser e de amar. E
que de igual modo abomina tudo que seja anti-amor: todas as formas de ser e se
relacionar de forma injusta e/ou violenta, seja hétero ou LGBTTQI+” É isso que
penso. É nisso que creio.
[1]
Pastor da Igreja Batista
Nazareth em Salvador-BA e membro da Aliança de Batistas do Brasil (ABB).
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