Onde
está, ó morte, a tua vitória? (1Cor.15.55ª)
Sem dúvida alguma essa é uma mensagem
central da Páscoa. Assim sendo, diante da nova realidade estabelecida aos que
creem, o choro se transforma em riso e o luto em festa! No contexto judaico a
grande síntese revelada no livro de êxodo é: o sangue do cordeiro livra da
morte, assim como, o ritual com ervas amargas e pães asmos deve ser rememorado como
intuito de nunca esquecer que Deus é libertador do povo oprimido.
Semelhantemente, a Páscoa cristã nos
aponta o Deus veio ao nosso encontro através de Jesus de Nazaré para nos salvar
e libertar. “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 João 4.19). Ele
de fato mudou a nossa história e nos salvou. “Porque Deus enviou seu Filho
ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por
ele” (João 3.17). Voltamos a sorrir e a dançar, tudo novo se fez. “Eis
que faço nova todas as coisas” (Apocalipse 21.5).
Reconhecemos que em uma estrutura
societária capitalista, o símbolo da Páscoa foi substituído por chocolate e
interesses mercadológicos. O chocolate é bom para os que gostam e podem comprar
e comer. Outra realidade estabelecida é comer peixe, vatapá e caruru (no
Recôncavo Baiano), reunir a família e amigos. Ora, diria que isso é muito bom!
Contudo, a pandemia do COVID-19 modificou toda estrutura este ano. Temos medo e
um ligeiro sentimento que a morte pode se aproximar se não obedecermos às
orientações da Organização Mundial de Saúde. E os mais vulneráveis sociais como
ficam? Nossa cabeça carrega tantas perguntas que nem sempre as lágrimas nos
obedecem, ou seja, em sua teimosia elas escorrem em nosso rosto. Suplicamos
piedade, ó Senhor!
Quero compartilhar com você que acompanhou
até aqui este texto com a seguinte história. Eis que nas ruas da cidade um
homem bêbado e cambaleando em seus passos, traz em seus braços uma muda com
flores e diz ao religioso debruçado em sua janela: “jogaram fora no lixo e eu
peguei”. O religioso não conseguiu sorrir e censurou: “bêbado e no meio do
lixo, que nojento”! De repente, o bêbado diz: “vou levar essa muda para casa.
Vou plantar, cuidar e em breve essa flor ficará linda e perfumará toda casa”.
Neste momento, o religioso envergonhado, cabisbaixo e, iniciando um riso no
canto da boca pensava consigo mesmo: “bêbado, no meio do lixo e poeta”. É
diante dessa impossibilidade caótica que a Páscoa sugere esperança e
ressurreição.
A mensagem do bêbado é uma interessante
metáfora para a Páscoa cristã, uma vez que, o processo sinaliza caos e tristeza
e, depois, nova ordem e alegria. Haverá perfume se ocorrer plantação e cuidado.
De repente tudo se modifica! O improvável ou impossível chega e transforma
tudo. Nossa boca se enche de riso. Nossos pés correm para uma nova jornada.
Desejo meus irmãos e minhas irmãs que a
quaresma e a quarentena ofereçam uma conversão real e libertadora de nossa
forma de pensar e agir no mundo. Que neste domingo de Páscoa uma nova
humanidade seja estabelecida, pois, “se alguém está em Cristo, nova criatura
é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Cor. 5.17).
Feliz Páscoa!
Rev. Cláudio Márcio R. da Silva
Moderador do Presbitério do
Salvador
Site do CEBI
Nenhum comentário:
Postar um comentário