Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]
“Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou" (Apocalipse 21:4)
Hoje
recebemos com muita tristeza a notícia do falecimento de um amigo. Se isso já
não fosse o suficiente, este contexto pandêmico nos impede de irmos ao encontro
da esposa e filhos para oferecer um abraço afetuoso, assim, apenas contatos virtuais
configuram um novo paradigma onde a dor e o luto são vivenciados a partir de
outras dinâmicas. Ora, o que isso representará para os sujeitos sociais ao
longo dos anos? Como abordagens teológicas, psicológicas e sociológicas darão
contas dessas experiências de lutos sem velórios?
Ao
me deitar e ficar em silêncio em oração por essa família e por Jussi (minha
esposa muito amiga da família enlutada) ocorreu algo muito simbólico que em
meio a dor eu pude sorrir com leveza e beleza, pois, Deus me visitou através de
uma criança e começou a acariciar minha cabeça. Vejo Deus no cotidiano com
ações simples cheio de amorosidade e cuidado, isto é, um Deus parceiro no chão
da vida. Quem não percebe Deus numa criança talvez precise rever sua experiência
de fé e espiritualidade. Antes que me julguem como um herege, lembrem-se que na
fé cristã Deus se fez criança e foi cuidado por humanos.
O
evangelho diz que Jesus chorou ao saber que seu amigo tinha morrido. A dor e a
morte são dimensões da vida que nos afetam e apontam nossa humanidade frágil e
complexa. Esse mundo de heróis e heroínas impedem que as lágrimas escorram em
nossas faces como sinal de alteridade e empatia.
Com efeito, minha oração é que o consolo de Deus possa ser uma realidade na vida desta família. Peço a Deus que seu óleo possa sarar nossa dor e que a fé na ressurreição seja tão forte como sol que brilha após a tempestade. A fé na ressurreição seja como as flores que embelezam e perfumam na primavera. A fé na ressurreição seja como os pássaros que cantam as mais lindas melodias matinais dizendo que tudo ficará bem.
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