Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]
“E,
tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou” (Mc 10.16).
Muitos (foram) são os desafios impostos a nós
como brasileiros pela COVID-19, um deles está no campo do toque no outro(a) e
da afetividade. Sim, que falta faz um abraço. Essa dimensão é tão forte em
nosso cotidiano que foi (é) muito estranho reencontrar alguém que amamos e
queremos bem sem puder beijar seu rosto, tocar em seu braço ou ombro enquanto
se conversa e, não menos, oferecer-receber um abraço na chegada e na partida.
O
Evangelho de hoje propõe uma imagem muito bonita, isto é, Jesus de Nazaré
acolhendo e abençoando uma criança. Na realidade, suspeito que a capacidade de
acolher por si só já é uma bênção. Se naquele contexto bíblico as crianças eram
marginalizadas e impedidas de se aproximarem do Reino de Deus por regras e
tradições políticas-religiosas, é preciso problematizar: quais grupos sociais
hoje são impedidos de acolhimento e afetividade?
Será
que Jesus de Nazaré realmente estaria excluindo e negando abraço a quem só
precisava ser amado(a)? Honestamente meu irmão e minha irmã, acredito que não.
É preciso fé, coragem, responsabilidade, compaixão e capacidade de lermos a
bíblia sempre em defesa de toda vida ameaçada.
Que
nossa espiritualidade seja diaconal e cheia de afetividade. Que o símbolo de
Jesus de Nazaré (um Deus encarnado capaz de oferecer dengo aos seus filhos e
filhas), seja tão forte como a perspectiva de Senhor e Salvador, pois, um
abraço também salva.
[1] Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida
de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).
Nenhum comentário:
Postar um comentário